Palestras internacionais e relatórios de avaliação marcam fim do 25º CBBD

XXV CBBD chega ao fim. Foto: Jorge do Prado

Por Priscila Dalagnol

O 25º Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação chegou ao fim. A programação de quatro dias foi finalizada nesta quarta-feira (10), com a realização de palestra, mesa redonda e apresentação de trabalhos acadêmicos.

O período da manhã foi marcado pelas diversas atividades simultâneas, que ocuparam 13 diferentes espaços do centro de eventos de Florianópolis, o CentroSul. Pela tarde os congressistas puderam assistir à aula magna do Mestrado Profissional em Gestão de Unidades de Informação da Universidade do Estado de Santa Cataria (UDESC). O curso, que deverá ter inscrições e início no ano que vem, foi anunciado oficialmente durante o XXV CBBD. A primeira aula foi ministrada pela doutora em Ciências da Comunicação e professora de graduação e pós-graduação na Universidade Estadual Paulista (Unesp/Marília),  Marta Pomim Valentim.

Ao abordar a ‘Gestão da Informação e do Conhecimento em Unidades e Serviços de Informação’, tema da conferência, Marta explicou que “gerenciar unidades e serviços de informação tornou-se um desafio no novo milênio porque o conhecimento nunca esteve tão híbrido. Cabe a nós agora, saber lidar com as novas mídias e esses públicos, necessidades e demandas diferentes”.

Ainda segundo ela, a questão pode ser esvaziada se junto às inovações tecnológicas não estiver também a preocupação com as diferenças sociais e a realidade do público usuário das bibliotecas ou aquele que se quer alcançar. “Nós ainda enfrentamos problemas básicos no Brasil. A grande maioria das nossas atividades é dirigida para quem lê. Todas as demais pessoas estão excluídas do nosso escopo de trabalho. O gestor precisa ter uma visão de futuro para se posicionar nesse presente”, orientou.

Na sequência, com o tema ‘Desenvolvimento sustentável e inovação em bibliotecas e serviços de informação’, a mesa redonda foi formada simbolicamente pelo bibliotecário e diretor do Centro de Aprendizagem e Ensino do Colégio de Penn State Berks, nos EUA, John Shank – que fez sua apresentação por transmissão via internet – e pelos convidados Célia Simonetti Barbalho, graduada em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Amazonas e doutora em Comunicação e Semiótica; e Fernando Gabriel Gutiérrez, da Universidade Nacional de Luján, na Argentina e professor do Instituto Mignone, também de Luján.

John propôs aos participantes ‘re-imaginar’ o papel dos bibliotecários como educadores na era digital. “As bibliotecas são mais importantes hoje do que jamais foram. Se a gente se concentrar nesse novo ambiente de ensino e aprendizagem, estaremos conseguindo entender esse processo educativo na era da informação digital”, falou. Aliado a isso está o conceito de ‘library blended’, o equivalente a ‘biblioteconomia combinada’. “Este processo se concentra nos bibliotecários e não nos acervos. Na prática, significa que os profissionais da biblioteconomia podem ajudar com novas técnicas docentes de cursos abertos online, sendo tutores de cursos de disciplinas escolares a distância, por exemplo. São tendências estimulantes que fazem com que as bibliotecas sejam guias nessa conexão entre alunos e professores”, incentivou.

Logo em seguida, dentro da mesma temática, Celia Simonetti Barbalho trouxe ao público uma visão diferente. Sob a ótica do usuário. ‘A biblioteca e seus ritos ambientais’ falou sobre a produção de sentido advinda de vários aspectos na construção e reformas desses prédios. “Há uma grande mensagem em tudo o que é construído e desenvolvido para bibliotecas. Hoje é possível favorecer o uso desses ambientes, moldando a biblioteca para que os usuários sejam guiados, por exemplo. Essas ações têm impacto no comportamento dos visitantes e na criação de sentidos”, relatou.

Por fim, Gutiérrez debateu com os congressistas os dispositivos móveis, como os livros digitais e as aplicações móveis de leitura. “Os brasileiros estão altamente conectados com conteúdos sociais online. Creio que os bibliotecários têm que estar no espaço das redes sociais. Vejo a biblioteca como um lugar para testar esses novos dispositivos. O desafio para os bibliotecários é o uso profissional desses dispositivos, nosso papel não é mais somente o de incentivar a leitura de livros”, avaliou.

Cerimônia de encerramento

O 25º Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação, que contou com o acompanhamento de observadoras da Universidade do Paraguai e da Universidade Estadual de Londrina, teve a maioria de avaliações positivas, com destaque para o apoio da Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA) e a presença de sua presidente, Ingrid Parent, na abertura oficial; para a participação de mais de mil congressistas e para a temática central do evento “Bibliotecas, informação, usuários: abordagens de transformação para a biblioteconomia e ciência da informação”, considerada de suma importância no contexto atual da biblioteconomia no mundo.

O XXV CBBD foi oficialmente encerrado pelos organizadores Sigrid Karin Weiss Dutra, presidente da Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições (FEBAB) e José Paulo Speck Pereira, presidente da Associação Catarinense de Bibliotecários (ACB).